O diabo é o pai do ROCK? [Parte II]

Nota: sugiro a leitura da primeira parte do artigo. Basta clicar [aqui]

Bem, caros amigos leitores, continuando nossa interpretação do eventual mito “o diabo é o pai do rock”, mencionei no post anterior que falaríamos então do Black Metal, vertente do Heavy Metal que, em tese, possuí vínculos satânicos. O assunto é por demais controverso, e algumas menções devem ser realizadas para uma interpretação adequada. Eu não sou nenhum tipo de especialista no assunto, mesmo assim vou arriscar alguns palpites, ficando vocês, amigos, a vontade para fazerem qualquer restrição aos meus argumentos.

Antes de prosseguir é válido parlamentar sobre a estética do Black Metal: o som em si é muito soturno, bem agressivo. A bateria é muito rápida e encorpada; a guitarra veloz com muita palheta em tremolo; o baixo geralmente é distorcido e as letras abordam temas como satanismo, ocultismo, paganismo e mitologia. Como um vídeo é melhor que mil palavras, assistam:



O Black Metal se apropria do satanismo principalmente mediante duas abordagens distintas: a religiosa e a filosófica. O que é chamado de satanismo religioso consiste basicamente na crença dos que idolatram uma entidade criada pelo cristianismo: o diabo. Nota-se que vários adeptos ostentam suas cruzes viradas de ponta a cabeça no pescoço, sem ao menos saber que tal símbolo é usado pelo cristianismo em referência ao Apóstolo Pedro, este que preferiu ser crucificado de cabeça para baixo, pois achava indigno morrer feito Jesus Cristo. A cruz de ponta a cabeça também pode ser verificada no próprio trono do papa, na basílica do Vaticano. Assim sendo, o satanismo que essas bandas difundem não é alheio ao cristianismo, pois idolatram um diabo criado pela igreja que querem destruir.

Comenta David Harris, representante da "Church of Satan" (Igreja de Satã): "Esses caras claramente não praticam satanismo, e sim adoração ao demônio. A maioria desses músicos de Black Metal que usam maquiagens e queimam igrejas são, na verdade, cristãos, já que veneram a representação do mal que foi criada pelas doutrinas cristãs”.

Existem bandas que praticam o chamado satanismo filosófico, consideradas em sua maioria atéias. Tais bandas, porem, usam do expediente satânico do Black Metal somente para contrapor o cristianismo e todo seu cunho opressor - conforme demonstra claramente a história da humanidade. È o caso da banda austríaca Belphegor. Segundo o vocalista do grupo: “Para alguns o Satanismo é uma religião, para outros uma filosofia, existe muita controvérsia sobre isto. De minha parte penso que isto não tem nada a ver com religião, pois sou ateu. Se não acredito em Deus não posso ser simpatizante do Diabo?”A prática de profanar o cristianismo e toda sua ideologia, mediante um contexto musical diabólico, não representam mais do que mero expediente, o que não sugere, necessariamente, culto ou idolatria ao diabo, criação cristã por natureza.

Muitos consideram que o Black Metal surgiu com a banda Venom, com seu álbum “Black Metal”, de 1982. Inclusive foi este álbum que cunhou o termo. Eu discordo dessa posição, pois qualquer um que escute esse álbum do Venom não terá dificuldades em perceber que se trata de Trash Metal. Todavia, é válido salientar que esse trabalho do Venom trouxe em suas letras um teor satânico e anti-cristão até então inédito na música, sendo pioneira nesse aspecto. Contudo foi no início dos anos 90, nas terras geladas e pagãs da Noruega, que nasceu uma cena forte e militante do Black Metal, com bandas como Burzum, Darkthrone, Emperor, Mayhem e Immortal. Muitas igrejas foram queimadas e atos terroristas cometidos, pois existia um sentimento de revolta para com o cristianismo naquela terra, uma vez que a cultura judaico-cristã estava ofuscando e suprimindo o tradicional paganismo norueguês. Daí a explicação de uma frequente associação do Black Metal com o nacionalismo.

Voltando a tônica das capas de disco, existe uma no ramo do Black Metal que dificilmente será superada: o álbum “Dawn of the Black Hearts”(madrugada dos corações negros), da banda Meyhem, traz em sua capa o corpo morto e desfigurado de seu vocalista, Per Yngve Ohlin, após este cortar os pulsos, garganta e, como se não bastasse, deflagrar um tiro de espingarda contra a própria cabeça. Tais fotografias foram tiradas por outro membro da banda, Euronymous, este que, vendo o amigo (????) estirado ao chão, ao invés de procurar auxílio, foi imediatamente comprar uma máquina fotográfica. Depois de certo tempo, Euronymous fora assassinado por outro integrante, Varg Vikernes. O Varg, sinistro que só ele, movido pelo seu instinto canibal, teria comido partes do cérebro de Ohlin, bem como presenteado amigos e feito colar com partes do crânio do falecido. Apesar de não ser meu estilo predileto, escuto algumas bandas de Black Metal, não por sua ideologia, mas sim pela sua musicalidade.

E agora, finalizando, um vídeo do Dimmu Borgir, banda de Black Metal Sinfônico:

5 comentários:

  1. Opa! Curti bastante o blog =D
    Mas só um detalhe: Varg não é integrante do Mayhem, mas sim do Burzum, e não foi ele quem fez os amuletos com pedaços de crânio do integrante morto do Mayhem, e sim o bateirista chamado Hellhammer, juntamente com o Euronymous.
    Tô curtindo os textos, abração!

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  2. E aew bruna, massa demais? Pois então, obrigado por comentar o texto, significa que alguém está lendo essa porra - afinal, deu certo trabalho para fazê-lo. O Varg tinha como principal banda o Burzum, é verdade, porem ele foi baixista do Mayhem no álbum “De Mysteriis Dom Sathanas”, lançado pela primeira vez 1994.

    Agora essa treta do canibalismo aew eu realmente não sei ao certo quem estava na parada, mesmo pq isso são rumores e ninguém sabe precisar a verdade. Alguns afirmam que foi o Hellhammer, outros o Euronymous, tem gente que fala que foi os dois, e também aqueles que dizem que foi o Varg. Vou procurar saber melhor e posto aqui no blog.


    Valew.

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  3. ... é! só espero que ninguém "cometa" um retrocesso e queira copiar os ídolos nas suas partes estranhas! A historia deles mostra que esta coisa de o diabo ser pai do Rock tem algum fundamento... já existem estudos cientificos que mostram que o rock é musica desestruturante de muita coisa! se desestruturar o que for ruim tá bom, né? rs!

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  4. Chirley, obrigado pelo comentário. Vou procurar saber sobre esses estudos que falam do caráter desestruturante do rock ... nunca ouvi falar sobre. Eu gosto muito de uma frase do Zappa:

    EXISTE MAIS CANÇÕES DE AMOR DO QUE QUALQUER OUTRO TIPO. SE CANÇÕES INFLUENCIASSE AS PESSOAS, AMARÍAMOS UNS AOS OUTROS.

    O que afirmo com certa precisão é que o rock muitas vezes aborda temas escondidos ou considerados "tabus", atraindo, dessa forma, algumas personalidades doentias ... Tudo na vida pode ter uma utilidade boa ou ruim, e não é diferente com o rock.

    Valew.

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  5. Cara... parabens pelo post, minha visão de black metal era bem limitada, vc deu um upgrade de informações. Claro que nem de longe me tornei mais simpatico ao estilo mas com certeza estou respeitando mais

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